A fundação do Morro Santana e do Morro Santo Antônio , datam do período em que foi fundação do antigo arraial de Nossa Senhora do Carmo, hoje Mariana, no final do Século XVII e início do Século XVIII, quando o bandeirante Francisco Fernandes, apelidado de “Vamos – Vamos” – e daí a alcunha da localidade – ficou na região, dedicando – se à retirado do ouro nos córregos próximo ao Morro Santana.
Em 1696 foram celebradas festas em Lisboa a Nossa Senhora do Carmo, comemorando a descoberta do ouro no Brasil como uma dádiva divina aos portugueses, atraindo muitos a se aventurar na região do sertão que ficou conhecida como Minas. A cidade máis próxima era São Paulo e Taubaté, a dois meses de picada no mato. Depois com o caminho novo, ao Rio de Janeiro e Parati, percurso passou para a metade, um mês.
A partir de 1703, o bandeirante Antônio Pereira Machado, trouxe para a região das Minas a técnica utilizada pelos africanos da Costa da Mina, para extração de oura nas encostas de morros, através da escavação subterrânea. O resultado mostrou – se muito rentável .
Com a difusão da técnica trazida por Antônio Pereira, multiplicaram –se os túneis para escavação do ouro e também os sari, buracos verticais, que possibilitaram tanto a entrada de ar quanto para retirada do minério de ouro por baldes e cordas, serviço muito penoso.
Em 1711, o Arraial do Carmo, que já contava com uma numerosa população, conseguiu obter sua elevação a categoria de Vila, com subsequente elevação da criação da primeira Câmara. Essa criação entretanto dependeria da demarcação de um “termo” da Vila, ou seja, de um terreno público que competiria à Vila administrar. Era a Coroa Portuguesa cada vez mais querendo fiscalizar a maior fonte de riqueza de seu Império.
Se a Câmara não conseguisse um termo de doação de moradores ou do Rei, seria impossível, em termos jurídicos, a constituição da Vila. Foi então que Antônio Pereira, em troca de favores, cedeu uma área de sua imensa propriedade para a Câmara da Vila do Carmo – e com isso o morro Santana passou a fazer parte do termo de Mariana.
Em 1712 a Capela de Santana foi construída em uma das colinas da localidade pois os moradores e mineradores queriam o serviço religioso.
Já no Século XIX, com investimentos do capital inglês, por meio da empresa Geological Royal Society Corwall, que passou a explorar o local e posteriormente no mesmo século passou para o inglês Thomas Baden, que repassou a Thomas Treolar representante da Anglo Brazilian Gold Mining Company Limited, que também adquiriu a Mina da Passagem e que por último Sir Artur Bem Susan e Sr. Júlio Guimarães. Nessa época os ingleses compraram as minas da região do Vamos Vamos, modernizando-as , e traduzindo seu nome para Go-Go ( Vamos – Vamos) , dando origem ao nome atual : Gogo.
Atualmente o Morro Santana e o Morro Santo Antônio constituiem –se no maior registro arqueológico da história da mineração do ouro do Brasil no século XVIII na opinião do Prf. Dr. Rafael Souza, defendido em sua tese de doutorado na USP: ” O ouro gosta de sangue”.
Também esses locais, Morro Santo Antônio e Morro Santana, por terem juntos mais de 30 mil pessoas escravas, está relacionada no caminho dos escravizados da UNESCO, que mapeia desde a Àfrica até os locais do Brasil para onde foram trazidos as pessoas vítimas do tráfico negreiro. Segundo Dr. Zaqueu Astoni em entrevista ao jornal O ESPETO este é um local digno de ser patrimônio cultural da humanidade por toda história que carrega na sua contrução, história essa que não pode-se perder da memória nacional. Assista entrevista aqui:
Há iniciativas para minerar a área de ruína no Gogo, e também há processo para tombamento em tramitação no IPHAN, porém a área ainda não é tombada pelo COMPATRI, conselho de patrimônio municipal de Mariana como área de importância histórica.
Publicado em: 12/07/21